tecnologia

Internet pelo amor: Menos personas que aparecem, mais pessoas que fazem e ensinam a fazer


A minha coluna da vez sai atrasada. Meu pequeno estava em procedimento no hospital e minha editora me liberou tardar. A motivação era o amor, a prioridade segundo ela.  

A partir daí, e olhando bem naquele par de olhos que me faz acordar todos os dias, fiquei pensando sobre o que falar dessa vez. Eu queria muito falar sobre e-commerce - por n motivos. Sobretudo, em função de um baita evento recente que movimentou a nossa região e que merece destaque num espaço que trata de tecnologia.

Mas eu também queria, por demais, falar de amor - porque eu vou seguir afirmando para todo sempre que tecnologia sem ele não tem sentido. "Ora Liana, tu não sossegas", me corrigi. "Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa", pensei. Todo mundo deu para me dizer isso agora. Talvez porque, de fato, eu seja uma romântica incorrigível.

A sorte é que, além de romântica, eu sou teimosa. E, felizmente, outros, ainda que poucos, também. O E-commerce 2018, evento realizado em 05 de maio último, no Hotel Business Center Beira Rio, no Recanto Maestro, Restinga Seca, me ganhou justamente por isso. Vejam que a hashtag não só do evento, mas de um comportamento e perspectiva para novos projetos, foi e é #AmoVenderOnline.


Foto: Divulgação RSWA Ecommerce e muito mais

Antes do evento, por óbvio, eu sabia que trabalhando com marketing, comunicação, publicidade e propaganda, me interconectando com outras áreas e profissionais, precisava estar alinhada com tudo que acontece no mercado. E, claro, uma das principais tendências - ou melhor, realidade, é a migração das relações de compra e venda para o meio digital.

Mas, depois do evento, eu entendo que, de um lado, nós precisamos vender - ou orientar a - online porque os consumidores amam comprar - os que não, ainda vão - online. Ocorre que, enquanto utilizarmos dessa ferramenta por necessidade ou padrão imposto pelo mercado, sob apenas (apesar de importante) justificativa de sobrevivência não vai dar certo. Nós também temos que amar fazer isso.

E a gente só ama fazer - e ofertar aos outros - aquilo em que realmente confiamos. O E-commerce Summit teve essa pegada de confiança. Passou a ideia de que o primeiro passo para vender bem, na internet ou não, é ter foco e um ótimo produto ou serviço. Por isso movimentou empresários e estudantes de Santa Maria e região, sob o convite de levar ao público a possibilidade de aprender com os melhores profissionais do mercado, além de promover a troca de experiências e networking entre as centenas de participantes que reuniu.


Foto: Divulgação SICREDI Região Centro

Ao meu ver inacreditavelmente eles me chamaram para falar a essas pessoas. Foram 516 inscrições confirmadas, cerca de 60 autoridades e uma equipe de apoio com quase 30 membros. Foram 14 temas, 20 palestrantes e eu entre eles.


Foto: Divulgação SICREDI Região Centro

Organizado pela RSWA, plataforma de e-commerce on demand do Brasil, só o convite me fez morrer de medo. Quando o Daniel João, CEO, chefe de operações na empresa me contatou, me perguntei se era eu mesma quem ele procurava.


Créditos: Divulgação SICREDI Região Centro

Ele me disse ter me acessado justamente em função da última coluna que escrevi aqui, para o Diário de Santa Maria. Parece que o amor - ou insistência - por Santa Maria é o denominador comum entre nós e outros empreendedores que apostam na cidade.

O Daniel me contou que a RSWA nasceu há 10 anos aqui no Coração do Rio Grande, em uma incubadora tecnológica. "Ao longo desse período trabalhamos muito para conseguir crescer e expandir. Hoje, com uma empresa mais consolidada, voltamos para Santa Maria para mostrar que é possível crescer e fazer a diferença no mercado. Isso para mostrar que somos uma região com potencial empreendedor, mas que temos que agir e sermos protagonista da nossa história", disse ele.

Como não poderia deixar de ser, eu vejo amor nisso. Eles continuam mantendo uma base em Santa Maria, mas têm um escritório em São Leopoldo. São mais de 600 clientes, espalhando por todo o Brasil. "O que mostra que é possível manter a estrutura na região e atuar por todo o Brasil, ainda mais no digital", destaca o CEO da RSWA.

No evento, eu falei sobre a convergência da Comunicação com a Educação. Nervosa para falar para esse público todo, antes de sair de casa mostrei para o Andrewes os meus slides. Eu estava angustiada pelo centro da minha fala não ser vendas (para um evento sobre vendas, frisa-se). Aí falamos que a verdade é que a gente comunica para captar, melhora para reter. Mas educa para crescer. Nenhuma relação, muito menos a venda, se mantém sem crescimento mútuo. É igual casamento, para falar a verdade.

Amor e crescimento. Bingo, pra mim e sim talvez eu tivesse o que passar. O que eu gostaria que os empreendedores da nossa região tivessem assimilado é que precisamos ressignificar nosso pensamento e postura. Ao término da minha fala, uma estudante de publicidade veio me agradecer por ter ouvido o que eu disse. Eu nunca havia vivenciado esse momento, alguém emocionada, me abraçando grata e me referenciando, depois, em suas produções. Eu até fiquei meio que em estado de choque porque eu vou nesses lugares para aprender, não para ensinar. Aí ela me explica que a gratidão advinha de eu ter mencionado o quanto precisamos tirar os trabalhos da estante ou de fazê-los em função do lattes.

Dias desses, eu conferi no feed do Facebook que viver não cabe no lattes. Imagina vender?! Ensinar a?! A Academia precisa se ligar nisso. Certa vez eu fui produzir um artigo, que correlacionava publicidade e tecnologia e a pesquisadora que seria a então orientadora achou que meu tema central era "complicado" porque ninguém escrevia sobre isso. Dificilmente, para ela, eu ia publicar. De que vale, Jesus, eu pensava, publicar se não ajudar as pessoas?! Se ninguém escreveu sobre, não seria porque ninguém teria investigado o assunto e minha obrigação, na condição de poucos do país com acesso ao ensino superior de qualidade, a buscar cada vez mais sobre o entendimento da sociedade, relações de consumo, mas, principalmente, sobre seu desenvolvimento e possibilidades de crescimento?!

Não. Infelizmente - e surpreendentemente - parece que nem sempre é assim. Se escuta em sala de aula a orientação de que "se não der tempo para um artigo, dá para fazer um resumo mesmo para inscrever no congresso e turbinar o lattes". É preciso apontar e lutar contra essas práticas. Resumos de artigos que nunca serão feitos proliferam. Itens completos no lattes também. E pessoas assistidas?! Muito menos do que se deveria.

E eu coloco esse assunto à baila porque, seja qual for a área, inclusive nas vendas, precisamos ajudar quem precisa. Precisamos apoiar com dado, informação e conhecimento a dona de casa Suelen Altermann que partiu, sem nem sequer perceber, para o mercado mais promissor que existe para complementar a renda. As tortas, empadas e muito mais que ela fotografa e dissemina na expectativa de crescer nas redes sociais merecem reconhecimento. É preciso entender que esse tipo de pessoa, otimista sobretudo, é um empreendedor digital. Há Suelens por aí representando um dos principais responsáveis por um novíssimo movimento na economia, nas relações e na forma de trabalhar.

É preciso que grandes negócios, lucrativos por hora, entendam, de fato, e também, que off e online não terão mais barreiras. Seus segredos de sucesso não são vitalícios.

Outros segredos - e estratégias - se aprendem com quem faz. Aprendizado tem de ser significativo. Estudar e produzir é fantástico. Vital, eu diria. Mas se a produção é só para contar pontos e cumprir tabela no currículo seguiremos tendo doutores que se um dia imersos no universo corporativo vão suar frio. Numa reunião, negociação, não bastará citar autores. Sem poder resolutivo não tem vez. Digressões críticas e experiência são coisas que devem caminhar juntas. Precisamos de mais pesquisa-ação.

E é de posse de muito disso que vem coisa boa por aí. O Daniel me adiantou que a equipe dele está se preparando para rodar novamente o E-commerce Summit em 2019, com mais atrações e com uma estrutura ainda maior.

Andrewes, eu e o Alessandro Mathias, mais mentorados do que em parceria, eu diria, ainda imbuídos da energia que o evento nos rendeu, tivemos um (re)encontro paralelo a isso e com o mesmo sentimento de amor pela causa envolvido. Eventos aliás, têm disso, devem aproximar pessoas e ideais. No nosso caso, estamos analisando a aproximação fidedigna da Academia e do Mercado. Talvez, em breve, possamos dar start num processo de oferta de condição de produzir informações e conhecimentos de uso mais efetivo, fomentando transformações de situações dentro do varejo mas, sobretudo, para pessoas que precisam - a amam - vender. Mas isso é assunto para outra coluna.


Foto: Divulgação SICREDI Região Centro
Eu também reencontrei no evento a Taísa Dalla Valle e a Camille Pozzobon Abaid, da Fluence. Também foi do evento que surgiu um outro grupo feminino, encabeçado por elas, para movimentarmos a região entrelaçando mulher e universo digital.

Antes eu quero ressaltar para vocês a importância do mergulho na área. É sabido que empreendedores e lojistas da região estão em busca de alternativas para aumentar a geração de receitas, como nos leciona Daniel João. "Vender pela internet vem se mostrando uma das maneiras que mais contribui para isso", ele resume.

O que isso tem haver com Santa Maria? A Get Commerce, por exemplo, ele destaca, tem até um coração no G. Eu deixo a vocês a reflexão sobre pertencimento efetivo.

Quem acredita nesse tipo de iniciativa quer uma coisa, como bem define o próprio Daniel: "ajudar os donos de pequenos negócios e empreendedores a alavancarem suas empresas".

A "novidade" é que vender também requer educação e chegou a hora do Coração do Rio Grande pulsar com tranquilidade quando o assunto é conhecimento para ingressar, sem volta, no universo digital e, por conseguinte, no mundo.

Vale aguardar. Movimentação e vontade de quem faz não faltam.

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